CURITIBA - VERÃO/OUTONO 2010

quarta-feira, 28 de abril de 2010

“O HOMEM - UM SER GENÉRICO”
    O homem (ser genérico) na busca da permanência no tempo e no espaço (segundo Arendt) fabrica um mundo repleto de objetos, de artifícios que ao permanecerem mesmo depois de sua morte confirmam não só a presença dele num dado momento atesta a sua superioridade frente à natureza.
   Ao fabricar esse mundo o homem constrói o seu habitat e se constrói nesse processo humanizando-se, elevando-se acima do seu ser natural, afirmando-se com sua consciência e liberdade. Ao criar objetos estabelece uma relação íntimo-criador/criatura – gênese. Aí reside a grandeza do trabalho: a possibilidade do homem se objetivar, de se reconhecer naquilo que produz, seja um utensílio, uma máquina, uma obra de arte, etc. etc.
    E com transcorrer do tempo, mais específico com o advento das relações capitalistas, nas condições particulares da sociedade dividida em classes, haverá uma degradação desse processo e o que era para ser uma condição de humanidade transforma-se numa atividade alienada, forçada, mercenária. O homem não mais se reconhece (ou seja, perdeu o rumo) naquilo que faz se transforma ele próprio em objeto (mercadoria a ser comercializada, como se fosse um animal de raça com pedigree) e se destrói física e espiritualmente – isto é, perde valores importantíssimos na sua trajetória e inerência transcendental. É a grandeza cedendo lugar à miséria.
    E estando neste momento histórico, não poderemos pensar num retorno a um mundo primitivo, imaginar simbolicamente uma sociedade de artesãos cada qual produzindo, pelo trabalho de seu corpo sua sobrevivência física, e pelo trabalho de suas mãos os objetos do seu habitat. – Sentido que sucedeu nas décadas de 60 e 70, florescendo a experiência Hippie que, se não surtiu efeito duradouro e permaneceu, chamou a atenção para o aspecto irreversível da sociedade de massa, da produção em série, do trabalho assalariado e da alienação do homem em meio ao universo de objetos (se levarmos em conta que a maioria dos que apregoavam uma sociedade alternativa, nas décadas seguintes se adaptaram à sociedade reguladora pelo mercado!). Mas, devemos considerar os feitos ilimitados do progresso científico, da capacidade humana de criar, seja para melhorar as condições de vida sobre o planeta e/ou para destruí-lo, (vide o que diz respeito ao armamento nuclear – bomba atômica e as condições degradantes do meio ambiente – ocupação desordenada e/ou eliminação das áreas verdes, florestas, nascentes dos rios e assoreamento deles, bem como acabando com os animais silvestres – fazendo extensivo comércio criminoso.
    O trabalho, nessa sociedade continua sendo um valor inquestionável não mais como o processo de produção do homem, da afirmação de sua dignidade, mas pura e simplesmente como fator de sobrevivência e sustentabilidade.
    A luta por um emprego é hoje tão acirrada quanto o era primitivamente a batalha para garantir pela força física o alimento. O fato de não necessitarmos da busca direta pelos bens vitais não nos garante a sua posse. Para a grande maioria, o emprego assalariado é a única garantia de vida.
    Na questão dos artifícios humanos – hoje não saberíamos viver sem alguns objetos que foram criados para ampliar ao máximo os limites do homem e agem como extensão da sua capacidade de comunicar-se: telefone, fax, máquina de lavar e/ou escrever, computadores, carro, avião, etc... frutos da tecnologia eletro-eletrônicos-científicos avançados. Aliás, o principal e grande “objeto” o maior já produzido da sociedade pós-moderna e/ou contemporânea é a informação com sua TI – tecnologia da informação on line e/ou on time. Hoje o poder não está tanto nos armamentos militares, mas no domínio dos novos códigos digitais (TI).
   Com a divisão do trabalho, que é à base do capitalismo, o produto é arrancado do operário aparece como uma objetivação que se transforma numa perda: é alienada a matéria-prima, os instrumentos do trabalho e ele (o operário) é mutilado em sua criatividade, inovação e humanidade. O fato é que o homem se aliena dos outros homens (...) (Bottomore, s.d p.6- Manuscritos econômicos e filosóficos).
Fonte: Subtil, M.J.D. Trajetória do Curso de Magistério de Segundo Grau: as (re) formas da década de 80 em questão. 1997 – UEPG.
Ctba, 28/abr/10
Prof. ª Mª. M. Prybicz

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